Na minha adolescência, eu ajudava minha mãe a pintar suas peças de costura, e ficava encantada com o resultado. Esses momentos despertaram em mim um fascínio pelo processo criativo, um amor especial pelo feito à mão, pelo cuidado artesanal e pela beleza dos detalhes.
Com o passar do tempo, decidi estudar idiomas, mergulhando no universo das palavras e das culturas. Para financiar meus estudos, comecei a trabalhar cedo, e minha trajetória profissional me levou a diversas áreas. Passei por shoppings, lojas e, mais tarde, pela hotelaria e turismo. Deixar minha cidade natal foi um grande passo, mas essa mudança me apresentou um mundo novo, repleto de oportunidades e aprendizados. Conheci pessoas de diferentes origens e absorvi histórias, tradições e perspectivas que moldaram quem sou hoje.
Em 2012, dei um salto ainda maior ao iniciar uma nova fase da minha vida no Oriente Médio, especificamente em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Trabalhei em locais renomados e tive a honra de conviver com diversas nacionalidades. Abracei cada cultura com entusiasmo, mas foi na asiática e na árabe que encontrei uma identificação especial. A riqueza dos costumes, a profundidade das tradições e o respeito pela arte artesanal me encantaram profundamente e se tornaram parte de mim.
Apesar do sucesso profissional, algo dentro de mim permanecia inquieto. Mesmo envolvida em experiências grandiosas, a sensação de que estava construindo os sonhos de outros, e não os meus, nunca me abandonou. Sempre sonhei em criar algo com minhas próprias mãos, algo que refletisse minha essência e trouxesse um significado mais profundo ao meu trabalho.
Foi apenas em 2020, ao retornar ao Brasil, em meio à pandemia da COVID-19, que esse sonho adormecido finalmente despertou. No entanto, antes disso, passei por um período caótico, sem saber como recomeçar, lidando com indícios de depressão e o luto pela perda de um dos meus amados irmãos. Minha irmã Simone foi essencial nesse momento; todo o peso recaiu sobre ela, mas ela nunca me abandonou e fez de tudo para me ajudar a encontrar meu caminho de volta, para que eu pudesse voltar a sorrir. Hoje, ela representa 50% de quem sou, sendo minha irmã, amiga e confidente (obrigada por ser quem você é).
Foi nesse momento que me redescobri como artesã. Ao explorar o universo da arte, da pintura, da modelagem e da criação, encontrei uma verdadeira realização. A experiência de trabalhar com a textura da argila entre os dedos, a transformação da matéria-prima em arte e a possibilidade de dar forma a algo único trouxeram-me um sentido de pertencimento que nunca havia experimentado antes.
Cada peça que crio hoje carrega um pedaço de mim. Saber que minhas criações viajam pelo mundo, encontrando lugar em diferentes lares e levando consigo um pouco da minha história e do meu amor pela arte, é indescritível. Essa realização me fez perceber que, finalmente, estou vivendo meus próprios sonhos e não mais construindo os de terceiros.
Assim nasceu a AGAS, em meio à pandemia, durante um momento de profunda reflexão e autodescoberta. O que começou como uma busca por identidade tornou-se uma marca, um projeto de vida e uma expressão do meu amor pelo artesanal. Hoje, a AGAS é mais do que um nome; é um reflexo da minha jornada, das minhas experiências e da minha paixão pela criação.
Cada peça projetada e moldada por mim é um testemunho do meu percurso, da minha entrega e do meu desejo de transformar o mundo, mesmo que em pequenos detalhes. Acredito que a arte tem o poder de conectar almas, contar histórias e eternizar momentos, criando laços que transcendem o tempo e o espaço, permitindo que nossas experiências e emoções sejam compartilhadas e lembradas por gerações.
Eu e minha irmã hoje nos tornamos " A GAROTA DA ARTE SOUK".
AGAS
Espalhando Luz